domingo, 17 de maio de 2009

Sobre amigos e bolos embatumados

Leia o post ouvindo a música Song For A Friend _ Jason Mraz.




Este post me fez pensar em como às amizades podem extrair o melhor de nós.

Porque através do outro me revelo a mim mesmo.


E é através do outro que lentamente vou delineando o que sou.

Explico, voltando a conversar com um amigo de milhões de anos atrás ... surpreendi-me outro dia com um e-mail deste amigo falando coisas sobre mim, que, jamais me lembraria de outra forma.
Achei muito interessante já que, depois de tanto tempo, uma coisa que aparentemente não tinha ficado marcada na minha memória, tenha ficado marcada na dele, e, ao mesmo tempo seja parte do quebra-cabeça que sou.

Uma parte bem importante eu diria, visto que tem a ver com nada menos que uma das minhas paixões: a culinária!!

Irei transcrever o e-mail prá que vocês se deliciem assim como eu, com o texto generoso e bem escrito dele, e, claro, com a história também. Espero que gostem e se divirtam tanto quanto eu. Então, vai lá:

"Amiga

Hoje quando eu estava voltando pra casa, comecei a rir sozinho dentro do carro, lembrei de uma situação que me deu ao mesmo tempo muita alegria e muitas saudades...vê se você lembra...
Certa vez, num daqueles encontros vespertinos que fazíamos às vezes na casa dos seus pais lá no Bairro X. (não sei se eles ainda moram lá, mas as vezes passo em frente da casa e me lembro de você), lembro que os encontros eram com a desculpa da gente estudar, mas acabávamos mesmo era conversando a tarde toda, eu sei que estávamos eu, você, a Lisi (que casou com o “Profº Cloro”...hehehe) e mais um vizinho seu, que eu não me lembro o nome, acho que aquele foi um momento histórico pelo menos pra você, porque a gente presenciou você fazendo o primeiro bolo da sua vida. É verdade que ele ficou um pouquinho batumado (acho que é assim que se fala), meio murcho mesmo, mas estava gostoso, só que o seu vizinho estava com pressa, ele tinha que sair correndo por alguma razão e você com toda a delicadeza do mundo, não quis que ele saísse sem provar o bolo, então tirou na hora um pedaço e praticamente impôs ao coitado que comesse. O engraçado da situação é que o bolo estava muito quente (é claro, tinha acabado de sair do forno) e ele queimou a boca, mas você quis saber como estava o bolo e ele quase chorando disse que estava bom, mas com os olhos cheios de água, disse que estava muito quente...rsrsrs Você com esse seu humor rápido, não deixou passar a oportunidade e retrucou: “É...diz o ditado que o apressado come cru...e quente!!!”...hahaha
Veja só como são as coisas, posso dizer que eu vi nascer essa cozinheira que existe em você. Mas o importante disso tudo foi a lembrança do que aconteceu me lembrando do rosto do rapaz, suando e chorando, com a boca queimada de comer o bolo quente, foi muito engraçado, não sei se você lembra disso, mas quis compartilhar com você essa lembrança.

Um beijo.
Maruen "

O que eu nunca teria imaginado na época é que serviria bolo de chocolate embatumado para um chef de cozinha!!!!!!!!


E prá provar que eu aprendi a fazer bolo! (háháhá) olha só o dito cujo aí embaixo, e dessa vez nem embatumou, só coloquei uma coberturinha um pouco diferente que é prá ficar mais chique já que agora tenho um amigo Personal Chef .


Alguém se habilita?




Nêga Maluca

Ingredientes:
3 xícaras de farinha de trigo
2 xícaras de açúcar
1 xícara de achocolatado (eu usei chocolate em pó)
1 xícara de óleo vegetal
1 xícara de água morna
3 ovos
1 colher de fermento em pó

Modo de fazer:
Bata todos os ingredientes na batedeira deixando o fermento em pó por último.
Asse em forno à 180 graus celsius.


Cobertura de Chocolate com Laranja

1 xícara(chá) de açúcar
raspas de laranja
3 colheres (sopa) de manteiga
1 tablete de chocolate meio amargo (200 gramas)

1 1/2 xícara(chá) de suco de laranja
Leve ao fogo o açúcar com as raspas e o suco de laranja, deixando ferver até reduzir a uma xícara (chá) de calda. Retire do fogo, junte a manteiga e deixe derreter. Misture, então, o chocolate meio amargo picado e mexa até obter um creme homogêneo. Use depois de frio. Eu disse FRIOOOOO!!!


terça-feira, 12 de maio de 2009

Como água para chocolate

Do livro homônimo de Laura Esquivel, Como água para chocolate (1992 - México) é daqueles filmes inesquecíveis.


Misturando comida e paixão em um casamento perfeito, tenta mostrar o que já está mais do que provado: "o segredo é fazer a comida com amor" , como diz a própria Tita, uma das personagens principais do filme (já que penso ser a própria comida, o verdadeiro personagem principal da história).


Ao contrário do que se poderia pensar à princípio, é um filme dotado de muita sensibilidade e de um realismo fantástico que só quem já leu Gabriel Garcia Márquez sabe do que estou falando.


Tita é a caçula de uma família que tem como tradição deixar a filha mais nova solteira para poder cuidar da mãe na velhice. Acontece que Tita apaixona-se por Pedro, que aceita casar-se com sua irmã mais velha apenas para ficar perto da sua amada.


Tita ao cozinhar para a família, transmite para à comida, todos os seus desejos e paixões reprimidas. Ou seja, o alimento passa a ser um meio de comunicação para expressar todos os seus sentimentos, sejam eles de amor, tristeza ou solidão (Dá só uma olhadinha em uma das cenas mais interessantes do filme abaixo).


Qualquer semelhança com este vosso blog aqui, não é mera coincidência.







"Mi abuela tenía una teoría muy interesante, decía que si bien todos nacemos con una caja de cerillas en nuestro interior, no las podemos encender solos, necesitamos oxígeno y la ayuda de una vela. Sólo que en este caso el oxígeno tiene que provenir, por ejemplo, del aliento de la persona amada; la vela puede ser cualquier tipo de alimento, música, caricia, palabra o sonido que haga disparar el detonador y así encender una de las cerillas. Por un momento, nos sentiremos deslumbrados por una intensa emoción."

"Minha avó tinha uma teoria muito interessante, dizia que embora todos nós tenhamos nascido com uma caixa de fósforos em nosso interior, não os podemos acender sozinhos, necessitamos de oxigênio e da ajuda de uma chama(vela). Só que neste caso o oxigênio deve vir, por exemplo, da respiração da pessoa amada; a vela pode ser qualquer tipo de alimento, música, carícia, palavra ou som que faça disparar o denonator e assim inflamar um dos fósforos. Por um momento, nos sentiremos deslumbrados por uma intensa emoção. “



Trufas de Chocolate




Aqueça 1 lata de creme de leite em banho-maria.

Junte 2 tabletes de chocolate meio amargo picados e mexa até ficar homogêneo.

Retire do banho-maria e misture 1 xícara(chá) de chocolate em pó solúvel, 100g de manteiga em temperatura ambiente e 2 colheres (sopa) de conhaque.

Leve à geladeira por cerca de 24 horas, faça bolinhas e reserve.

Derreta mais 2 tabletes de chocolate meio amargo picados em banho-maria e continue mexendo, na própria vasilha ou utilizando uma superfície de mármore, até que esteja frio, a 28 °C ( a sensação do chocolate em contato com o lábio deve ser de frio).

Mergulhe as trufas uma a uma, escorra o excesso de chocolate e coloque em tabuleiro forrado com papel alumínio.

Leve para gelar por 1 hora e passe em chocolate em pó solúvel.

Mantenha em local fresco.

Rendimento: 50 unidades


Ah! só mais uma coisinha, não esqueça que:


"Cada persona tiene que descubrir cuáles son sus detonadores para poder vivir. Si uno no descubre a tiempo cuáles son sus detonadores, la caja de cerillos se humedece y ya nunca podremos encender un solo fósforo."


E também, veja se não vai com muita sede ao pote porque:


"Claro que también hay que poner mucho cuidado en ir encendiendo los cerillos uno por uno. Porque si por una emoción muy fuerte se llegan a encender todos de un solo golpe ante nuestros ojos aparece un túnel esplendoroso que nos muestra el camino que olvidamos al momento de nacer y que nos llama a reencontrarnos con nuestro origen divino."

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Chocolate (Chocolat)


Mais uma receita com a indicação de um filme ligado à gastronomia, mais com uma histórinha interessante como "recheio".


Chocolate (Chocolat, Inglaterra/Estados Unidos, 2000), protagonizado pela belíssima Juliette Binoche (francesa), conta a história de uma mulher (Vianne Rocher), uma mãe solteira que chega com sua filha à tranqüila cidadezinha francesa de Lansquenet-sous-Tannes. Nesta cidade ela abre uma chocolateria em frente à Igreja e em plena quaresma. No filme, o chocolate é associado ao pecado e ao preconceito, pois as delícias de Vianne tem o poder de despertar os mais íntimos desejos nas pessoas que as provam, o que faz com que os moradores à princípio não vejam a cozinheira com bons olhos.


Não sei mesmo se esses amendoins tem "algum poder mágico ou afrodisíaco", o que sei com certeza é que o cheiro exalado pela mistura da canela com o chocolate e o café, é absolutamente irresistível, de transformar qualquer ser humano mais tranquilo em um vulcão de emoções, das melhores é claro!


E, a grande "coincidência", é que justo na tarde em que eu feliz e dançante preparava a receita, já com toda a cozinha e o quarteirão empregnados daquele aroma, recebo o telefonema de uma amiga muito querida, que há tempos não via. Ela dizia que, estava passando ali perto, e resolveu ligar para ver se eu estava em casa. Respondi-lhe que se ela não se importasse de ficar comigo na cozinha, eu estaria esperando.


Os amendoins já secavam no forno quando ela chegou extasiada pelo cheiro. Embaladas por aquele calorzinho do forno e o aroma único, quando nos demos conta, estavamos sentadas no chão, conversando sobre nossas vidas, dando muitas risadas e em meio a algumas poucas lágrimas também.









Esta é a receita original do filme :



Amendoins com cobertura de Chocolate e Canela







Ingredientes:



- 3 xícaras de açúcar
- 1 xícara de café, forte
- 1 kg de amendoim, amendoim cru com casca
- 1 colher de sopa de chocolate
- 1 colher de chá de canela em pó
- 1 colher de chá de fermento em pó



Modo de fazer:



Coloque numa panela o café e o açúcar e leve ao fogo.
Acrescente oamendoim, o chocolate, a canela e o fermento e mexa até começar a secar.
Quando estiver seco, retire do fogo e despeje numa assadeira untada.
Leve ao forno bem morno por 15 minutos, mexendo de vez em quando para não grudar.